segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lembranças

"Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso. "

(Antoine de Saint-Exupéry)

Esse poema expressa bem o que sinto muitas vezes. Sinto que há pessoas que passaram e talvez nunca voltem. Umas criaram coisas e outras destruíram coisas. No entanto, é certo que algumas delas deixaram em mim um pouco de si. Deixaram um pouco do calor que me transmitiram, deixaram um pouco das lágrimas que choraram comigo, deixaram um pouco dos sorrisos e das gargalhadas que me provocaram. Isso, essas marcas deixadas, remontam a todo momento na minha cabeça um sonho que não vivi e uma esperança que não morreu. São lembranças apenas... que trazem de volta dias q eu não esqueci. Elas desaparecem por um tempo, depois reaparecem e somem de novo da minha alma, num ciclo que parece ser sem fim. Ultimamente, esses períodos em que elas parecem sumir têm sido mais longos, mas hj foi um dia que as velhas memórias voltaram, memórias de quem eu me esforço pra esquecer. Eu sorrio, depois fecho a expressão de novo e penso que Deus sabe todas as coisas e talvez esteja me livrando de algo ruim. Daí eu analiso a minha alma de novo e vejo que uma parte dela queria “pagar pra ver” (como muitas vezes nós fazemos na vida) ao invés de ter o 'suposto livramento'. Uma parte da minha alma quer correr o risco.

As tempestades vêm e vão, acontecem mudanças tanto em nós como ao redor, pessoas entram em cena e saem de cena na minha vida e no fim, tuuudo retorna ao mesmo estágio. Eu aqui esperando esse telefone tocar como já aconteceu um dia, esperando um e-mail que talvez nunca chegue “e tudo o que me resta.. é escrever essa carta.. nessa noite”. É uma carta que eu não espero que vc entenda.. pq ela é pra mim. É uma carta que provavelmente a pessoa mais interessada nunca vai ler e mesmo que leia, não vai dizer ou sentir nada e mesmo que sinta, não me dirá nada. Eu vou continuar aqui em noites de chuva como hj, pensando no “se”, pensando no “talvez”... O que sustenta tudo isso? Eu mesmo vivo me perguntando e me respondo agora. É a força de crer que um dia.. alguma coisa vai acontecer!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A espera

Em todo e qualquer processo pelo qual a gente passa, é necessário esperar. É necessário ter cautela. Pra nascer foram 9 (ou quase 9) meses. Pra se formar, você esperou a alfabetização, o ensino fundamental, o ensino médio, a faculdade, enfim, você esperou. Esperar é essencial para deixar que tudo se cumpra, pra que se chegue ou se saia no momento certo, pra fazer os ciclos terem o seu desfecho correto. O bolo não fica pronto antes. Não adianta! Se alguém tira o bolo antes da hora, ele vai estar condenado a ser um bolo mirrado e sem aquele sabor até acabar, ou pior, até ser jogado fora. Esperar é, de fato, imprescindível a tudo na vida.

Há momentos que nós temos a ilusão de que o tempo corre contra nós. Nós pensamos: “Nossa, os anos estão passando e eu ainda não tenho uma pessoa pra sonhar junto comigo!” ou ainda “Os dias estão correndo e aquela resposta que eu preciso não vem!”. A gente não percebe que o tempo, na verdade, é nosso amigo e ele é fundamental pra tanta coisa se consolidar e se cumprir que, quando nós não o vemos como amigo que é, corremos um sério risco de estragarmos tudo com a nossa ansiedade. Com certeza, alguma vez você já pôs tudo a perder como eu. E quando nós estamos nesse processo de fazer a coisa movidos por ansiedade, nós intitulamos isso de intensidade. Esquecemos que buscar intensamente uma coisa nos deixa intensamente cansados e desmotivados em pouco tempo. A gente corre apressadamente pra lugar nenhum e volta correndo porque não era bem ali o destino que imaginamos durante a corrida. Vamos correndo e voltamos correndo, lutando pra que nossa pressa tenha o mínimo possível de consequências negativas. Existe o fator acaso, em que a pessoa vai sem saber aonde e tem a sorte de que aquilo realmente dê certo, mas nem eu e nem você deveríamos confiar nele. O que aquela música não conta é que, enquanto andarmos distraídos, o acaso nem sempre vai nos proteger. Não creia nessa mentira.

Como é bom quando nós respeitamos o tempo dos outros e o nosso próprio tempo! É preciso deixar curar o coração, conquistar devagarzinho, entender o terreno, aos poucos. O duradouro não se faz do dia pra noite. Maravilhoso é quando sabemos entender que o tempo certo para toda e qualquer coisa debaixo do céu é o tempo de Deus. Eu te convido a deixar, a partir de agora, a sua “intensidade” de lado pra conseguir viver o melhor da vida, mas com a consciência tranquila de quem deixou tudo acontecer no tempo adequado e consequentemente, do jeito mais adequado. Felicidade é deixar as mudanças chegarem nem rápido, nem devagar, mas na boa, perfeita e agradável vontade de Deus.